Em 1990 estreava na Rede Globo o humorístico Escolinha do Professor Raimundo, comandando por Chico Anysio como o professor, e um time de veteranos comediantes como seus alunos. Grandes lendas do humor brasileiro como Grande Otelo, Walter D’Avila, Zezé Macedo e Brandão Filho reforçavam o elenco do programa.
A grande maioria do elenco era composta por comediantes donos de uma longa carreira, e entre eles também estava Mário Tupinambá, no papel de Bertoldo Brecha. Dono do inesquecível bordão “veeeeeeeenha!“
O programa fez um enorme sucesso, e popularizou esses artistas veteranos, que estavam um pouco esquecidos. Mas muitos dos novos fãs desconhecem a carreira pregressa destes valorosos artistas.
Juvemário de Oliveira Tupinambá nasceu em Nazaré das Farinhas, na Bahia, em 26 de abril de 1932. Ele começou a sua carreira no rádio baiano, mas pouco tempo depois, mudou-se para São Paulo, em busca de trabalhos na capital paulista.
Já usando o nome artístico de Mário Tupinambá, ele chegou em São Paulo em 1951, após migrar para o sudeste pedido carona a caminhoneiros.
Seu primeiro emprego na cidade foi como rádio ator na Rádio Bandeirantes, mas logo foi contratado pela Rádio Tupi, onde começou a ficar conhecido do público.
Na Tupi, ele fez diversas rádio novelas, e também começou a atuar em programas humorísticos. E logo também foi aproveitado pela recém inaugurada TV Tupi. Mário fez de tudo, de atuar em programas de operetas a redator, e também escreveu o roteiro da novela Terror da Pindaiba, uma produção humorística exibida nas tardes da emissora.
E é claro, atuou também nos programas de humor, iniciando sua carreira televisiva em Hotel da Sucessão (1955).
Em 1956 o apresentador J. Silvestre estava deixando São Paulo, para iniciar uma bem sucedida carreira na televisão carioca, e levou Mário Tupinambá com ele. Foi na Tupi do Rio que o ator finalmente despontou para a fama. Na emissora, ele criou o personagem Chico Traça, o Detetive, que agradou em cheio.
Em 1958 ele foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga, onde chegou a fazer mais de 50 programas por semana. E foi na Mayrink que ele criou seu primeiro grande sucesso, o “Deputado Baiano“. O personagem, que debochava dos políticos corruptos brasileiros caiu na graça do povo, e fez de Mário Tupinambá um dos artistas mais queridos da época.
Foi o sucesso do “deputado baiano” que o levou para o cinema. Na Cinedristi, ele estreou nas telonas atuando em Titio Não É Sopa (1959), onde interpretava seu mais famoso personagem.
No filme, ele também cantava a marchinha de carnaval Peço a Palavra, escrita por Max Nunes e J. Maia. A música foi a mais cantada nos festejos de Momo de 1959. Posteriormente, ele gravaria outros discos carnavalescos.
Mário Tupinambá em Titio Não é Sopa
O papel era uma espécie de participação especial, mas no ano seguinte, ao lado de Ankito, ele foi o protagonista de Saí Dessa, Recruta! (1960). Na década de 1960 ele ainda atuaria em Vagabundos no Society (1962) e O Sabor do Pecado (1967).
Em 1960 ele voltou para a televisão, atuando em diversos programas da TV Rio, onde o ator conheceu o então produtor Chico Anysio, de quem virou um grande amigo, e com quem trabalharia diversas vezes nos anos seguintes.
Mário Tupinambá então foi para a TV Excelsior, ficando no elenco da emissora até o seu fechamento, em 1969.
Com o fim a Excelsior, ele acompanhou Chico Anysio em sua ida para a Tupi. A partir da década de 1970, com menos popularidade, ele passou a fazer papéis coadjuvantes em programas de humor de diversas emissoras, como Tupi, Globo, SBT e TV Manchete. Geralmente, ele fazia personagens nordestinos irritados, usando seu velho e conhecido bordão “baiano é a mãe!“.
Mário Tupinambá na Manchete
No cinema, ainda atuou em A Noiva da Cidade (1978) e Fulaninha (1986).
Com Chico Anysio, além de contracenar, foi redator dos programas Chico City, Chico Total, Chico Anysio Show e Estados Anysios de Chico City.
Em 1990 o humorista lembrou do velho amigo e colega, e o chamou para ingressar no elenco da Escolinha do Professor Raymundo, fazendo parte da primeira geração do programa.
Bertoldo Brecha tinha vários dos trejeitos originais do “deputado baiano”.
Com o fim do programa, Mário Tupinambá repetiria o personagem Bertoldo Brecha em Escolinha do Barulho (1998), na TV Record.
Seu último trabalho na TV foi em Zorra Total, em 2008, onde repetiu o personagem clássico do “deputado baiano”.