A famosa estatueta dourada do Oscar foi criada pelo diretor de arte da Metro Goldyn Mayer (MGM)
Cedric Gibbons, um dos fundadores da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Gibbons precisava de um
modelo para os primeiros esboços, e sua namorada, a atriz Dolores De Rio (com quem se casaria
algum tempo depois), indicou um amigo para servir de modelo: o então ator mexicano Emilio Fernandez, conhecido como ‘El Indio’.
que teria que posar nu para os desenhistas. Mas precisando de dinheiro,
acabou aceitando o convite. E assim, o premio mais famoso do cinema ganhou os
traços de um antigo guerrilheiro mexicano exilado nos Estados Unidos.
Quem foi ‘El Indio’
março de 1904. Filho de um general revolucionário e de uma índia kikapú,
tinha orgulho de suas raízes indígenas e sempre as deixou evidentes em
sua obra.
lutou contra o governo de Alvaro Obregon. Derrotado, foi preso e fugiu
da cadeia. Na ilegalidade, precisou fugir do país. Ele então cruzou a fronteira
(ainda sem muros, mas igualmente hostil) e entrou nos Estados Unidos,
chegando na Califórnia.
Lá trabalhou em diversos empregos, como ajudante
de lavanderia, garçom e finalmente pedreiro. E foi contratado como
pedreiro que entrou pela primeira vez em um estúdio em Hollywood.
filmes que exigissem índios mexicanos e também foi dublê do ator Douglas
Fairbanks. Seu amigo Adolfo de la Huerta, ex presidente interino
durante a revolução mexicana, foi quem lhe recomendou a se dedicar mais
ao cinema, para adquirir conhecimento e levá-lo para o México, devido ao
seu enorme poder de alcance do veículo para instruir a população.
trabalho do cineasta russo Serguei Eisenstein, recém-chegado ao país. A
estética do cineasta era diferente de tudo que El Indio havia visto em Hollywood. Após ver trechos de Que Viva México! (1932),
projeto não terminado do cineasta, Emilio decidiu que esta seria a
inspiração para fazer seus próprios filmes em seu país natal.
conheceu o roteirista Mauricio Magdaleno e o diretor de fotografia
Gabriel Figueroa. Juntos formaram um trio profissional que durou mais de
quarenta anos, e que se tornaram ícones da era de ouro do cinema
mexicano. Flor Silvestre (1943) foi o primeiro filme que
fizeram juntos, e marcava a estreia da estrela mexicana Dolores del Rio,
de carreira internacional, em seu país de origem.
para se casar e acabava se juntando a luta de Pancho Villa. Em seguida,
fizeram Maria Candelária (1943), que ganhou o premio de melhor filme no Festival de Cannes de 1946. Em 1945 Emilio Fernandez dirigiu Pérola (La Perla, 1945), baseado numa história do escritor norte-americano John Steinbeck (de As Vinhas da ira).
O filme, considerado uma grande obra prima, foi um dos mais importantes
da carreira do diretor, e tinha como temática a miséria humana. Ganhou
menção honrosa no Festival de Veneza e deu lhe popularidade
internacional. A obra de Fernandez falava sobre o povo mexicano, o
México rural e valente. Querendo falar para seu povo, acabou divulgando o
cinema mexicano para o mundo.
nome foi ofuscado pela presença do espanhol Luis Buñel em seu país.
Paralelamente, continuava atuando em pequenos papeis de indígenas em
Hollywood para conseguir ganhar dinheiro, que era usado para financiar suas próprias produções
cinematográficas.
Nos Estados Unidos dirigiu um único filme Do Ódio Nasce o Amor (The
Torch, 1950), que tinha Paulette Goddard e Gilbert Roland nos papéis
principais, além de Pedro Armendáriz, um de seus atores favoritos. O
último filme que Emilio Fernandez dirigiu foi Erótica (1979), uma produção sem muita relevância em sua carreira. Atuaria ainda em pequenos papéis até a década de 80.
por brigas algumas vezes. Solitário, vivia da renda da venda de produtos
que plantava em seu quintal. Em 1986 ele quebrou o fêmur e foi internado em
um hospital. Durante o tratamento, recebeu uma transfusão de sangue
contaminado com malária, que agravou o seu quadro de saúde.
indicado para o Oscar, prêmio que leva seu rosto. Nem mesmo chegou a ter
reconhecimento como cineasta nos Estados Unidos. Mas Gabriel Figueroa, seu fiel diretor de fotografia, concorreu ao prêmio por seu
trabalho no filme A Noite do Iguana (The Night of the Iguana, 1964), de John Ford.
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